Mhana ...sempre

Mhana ...sempre

terça-feira, 22 de maio de 2012


"E que o amor arrebate.
e que seja forte, contagioso e incurável".




.... por que a  vida é um eterno não saber de mim, de nada.

Quando me encontro pareço nova.Mas, no fundo, apenas estou me acostumando com esse novo vento.



Somos donos de nossos atos,mas não donos de nossos sentimentos;

Somos culpados pelo que fazemos,mas não somos culpados pelo que sentimos;

Podemos prometer atos,mas não podemos prometer sentimentos…

Atos sao pássaros engailoados,sentimentos são passaros em vôo.


Mario Quintana

quinta-feira, 29 de março de 2012

A dor...

Tudo sem graça
Perdeu-se o sentido
Se saio pra trabalhar
É porque preciso
Não fosse isso
A cama seria meu paradeiro
Por mais que o sono não venha
Quero passar os dias dormindo
Para ver se acordo desse pesadelo


Dormir...(tentar)
Agora é meu refúgio
Morte pela metade, aquela metade...


Só me resta esperar
Esperar que um dia
O dia se torne cor
O sol volte a brilhar
Trazendo o meu amor


E o anoitecer
Me traga quem sabe...
A luz do luar.

Mhana

domingo, 4 de março de 2012

MÚSICA INTERIOR

Há no coração de cada um de nós, por essência, uma música que é somente nossa, inigualável, intransferível. 
Por várias razões, conhecidas ou não, às vezes aprendemos desde muito cedo a diminuir, gradativamente, o seu volume e a inventar ruídos que nada tem a ver com ela para nos relacionarmos com nós mesmos e com os outros. 
Até que chega um tempo em que desaprendemos a entrar no nosso próprio coração para ouvi-la e, porque não passeamos mais nele, porque não a ouvimos mais, não é raro esquecermos completamente que ela existe. 
Mas, como toda ignorância, toda indiferença, toda confusão, não são capazes de apagar a beleza original dessa partitura impressa na alma, ela continua tocando, ainda que de forma imperceptível. 
Continua tocando, à espera do dia em que, de novo ou pela primeira vez, possamos aumentar o seu volume, trazê-la à tona, compartilhá-la. 
Continua tocando, e alguns são capazes de ouvi-la mesmo quando não conseguimos.

A fé é um exercício pra vida inteira. 
Muitas e muitas vezes, eu me distancio incrivelmente dela, achando que posso resolver tudo sozinha. 
Não é raro nessas ocasiões, na verdade é bastante comum, eu me atrapalhar toda num turbilhão de emoções que me drenam a energia e o sorriso. 
Mas, toda vez que consigo acessá-la, de novo, tudo se modifica e se amplia na minha paisagem interna. 
Na fé, eu sou capaz de me dizer, com amorosa humildade, que grande parte das vezes eu não sei o que é melhor para mim. Eu não sei, mas Deus sabe. 
Eu não sei, mas minha alma sabe. 
Então, faço o que me cabe 
e entrego, mesmo quando, por força do hábito, eu ainda dê uma piscadinha pra Deus e lhe diga: “Tomara que as nossas vontades coincidam”. 
Faço o que me cabe e confio que aquilo que acontecer, seja lá o que for, com certeza será o melhor, mesmo que algumas vezes, de cara, eu não consiga entender.

sábado, 3 de março de 2012

SEPARAÇÃO


Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem repete um gesto imemorialmente irremediável. No íntimo, preferia não tê-lo feito; mas ao chegar à porta sentiu que nada poderia evitar a reincidência daquela cena tantas vezes contada na história do amor, que é história do mundo. Ela o olhava com um olhar intenso onde existia uma incompreensão e um anelo, como a pedir-lhe, ao mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de ir, por isso que era tudo impossível entre eles.

Viu-a assim por um lapso, em sua beleza morena, real mas já se distanciando na penumbra ambiente que era para ele como a luz da memória. Quis emprestar tom natural ao olhar que lhe dava, mas em vão, pois sentia todo o seu ser evaporar-se em direção a ela. Mais tarde lembrar-se-ia não recordar nenhuma cor naquele instante de separação, apesar da lâmpada rosa que sabia estar acesa. Lembrar-se-ia haver-se dito que a ausência de cores é completa em todos os instantes de separação.
Seus olhares fulguraram por um instante um contra o outro, depois se acariciaram ternamente e, finalmente, se disseram que não havia nada a fazer. Disse-lhe adeus com doçura, virou-se e cerrou, de golpe, a porta sobre si mesmo numa tentativa de secionar aqueles das mundos que eram ele e ela. Mas o brusco movimento de fechar prendera-lhe entre as folhas de madeira o espesso tecido da vida, e ele ficou retido, sem se poder mover do lugar, sentindo o pranto formar-se multo longe em seu íntimo e subir em busca de espaço, como um rio que nasce.

Fechou os olhos, tentando adiantar-se à agonia do momento, mas o fato de sabê-la ali ao lado, e dele separada por imperativos categóricos de suas vidas, não lhe dava forças para desprender-se dela.

Sabia que era aquela a sua amada, por quem esperara desde sempre e que por muitos anos buscara em cada mulher, na mais terrível e dolorosa busca. Sabia, também, que o primeiro passo que desse colocaria em movimento sua máquina de viver e ele teria, mesmo como um autômato, de sair, andar, fazer coisas, distanciar-se dela cada vez mais, cada vez mais. E no entanto ali estava, a poucos passos, sua forma feminina que não era nenhuma outra forma feminina, mas a dela, a mulher amada, aquela que ele abençoara com os seus beijos e agasalhara nos instantes do amor de seus corpos. Tentou imaginá-la em sua dolorosa mudez, já envolta em seu espaço próprio, perdida em suas cogitações próprias - um ser desligado dele pelo limite existente entre todas as coisas criadas.

De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas, correu para a rua e pôs-se a andar sem saber para onde... 



Vinícius de Moraes

OS TEUS PÉS


Quando não posso contemplar teu rosto,
contemplo os teus pés.

Teus pés de osso arqueado,
teus pequenos pés duros.

Eu sei que te sustentam
e que teu doce peso
sobre eles se ergue.

Tua cintura e teus seios,
a duplicada purpura
dos teus mamilos,
a caixa dos teus olhos
que há pouco levantaram voo,
a larga boca de fruta,
tua rubra cabeleira,
pequena torre minha.

Mas se amo os teus pés
é só porque andaram
sobre a terra e sobre
o vento e sobre a água,
até me encontrarem.



Neruda

NÃO QUERO SER O ULTIMO A COMER-TE

Não quero ser o último a comer-te.
Se em tempo não ousei, agora é tarde.
Nem sopra a flama antiga nem beber-te
aplacaria sede que não arde

em minha boca seca de querer-te,
de desejar-te tanto e sem alarde,
fome que não sofria padecer-te
assim pasto de tantos, e eu covarde

a esperar que limpasses toda a gala
que por teu corpo e alma ainda resvala,
e chegasses, intata, renascida,

para travar comigo a luta extrema
que fizesse de toda a nossa vida
um chamejante, universal poema.



Carlos Drummond de Andrade

SEUS SEIOS

Seus seios são o caminho que todos anseiam
eles são fartas tetas por onde a existência se fortifica
seus seios não são a loucura plus
eles não são nada mas são tudo
firmes e belos eles apontam
para o sol de todos os dias
criatura do criador
obra prima no oásis
de nós mesmos
seus enlouquecem
quando desatam da alça do sutiã
eles são como a aurora
surgindo para além do previsível
e irremediável
seus seios eis a lírica mais perfeita
num tempo de imperfeições. 

UMA MULHER


Uma mulher caminha nua pelo quarto
é lenta como a luz daquela estrela
é tão secreta uma mulher que ao vê-la
nua no quarto pouco se sabe dela

a cor da pele, dos pêlos, o cabelo
o modo de pisar, algumas marcas
a curva arredondada de suas ancas
a parte onde a carne é mais branca

uma mulher é feita de mistérios
tudo se esconde: os sonhos, as axilas,
a vagina
ela envelhece e esconde uma menina
que permanece onde ela está agora

o homem que descobre uma mulher
será sempre o primeiro a ver a aurora.


(Bruna Lombardi)

SE VOCÊ AMA

Se você ama, diga que ama. 
Diga o seu conforto por saber que aquela vida e a sua vida se olham amorosamente e têm um lugar de encontro. Diga a sua gratidão. O seu contentamento. 
A festa que acontece em você toda vez que lembra que o outro existe. 
E se for muito difícil dizer com palavras, diga de outras maneiras que também possam ser ouvidas. 
Prepare surpresas. Borde delicadezas no tecido às vezes áspero das horas. 
Reinaugure gestos de companheirismo. Mas, não deixe para depois. 
Depois é um tempo sempre duvidoso. Depois é distante daqui. Depois é sei lá...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Vermelha...


A rosa vermelha
Que teu amor espelha...

A borboleta amarela
Do teu jardim em aquarela...

Da tua voz a melodia
Que solfeja em harmonia...

A água do regato
Do teu corpo o ornato

Das tuas mãos o calor
Que transmitem  fervor...

A luz do teu olhar
Que cintila ao luar...

Da tua pele o aroma
Guardado em uma redoma...

Os versos da poesia 
Que te revelam magia...